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quinta-feira

DECADÊNCIA

É impressionante o número de igrejas que se multiplicam a cada dia.

As motivações dessas criações é me perturbam.

Não são iniciadas pela paixão pelas ovelhas, mas a cobiça de suas lãs.

Não são abrigos das almas aflitas para ajudá-las em suas necessidades, mas são currais eleitorais.

Não são lugares de liberdade em Cristo onde as pessoas se sintam as mais libertas do mundo, mas prisões do medo, do castigo divino e das maluquices doutrinárias.

Na maioria das vezes surge com um sujeito carismático, problemático em sua igreja de origem, em geral não bem sucedido em sua vida financeira, que vê a oportunidade de mudar de vida, ganhar respeito e honra de seus futuros liderados e dinheiro para viver melhor que qualquer uma de suas ovelhas.

Depois se espelham em ‘negócios’ bem sucedidos, e os imitam: rosa ungida, oração forte, campanhas, sacrifícios e todas as maluquices e esquisitices neopentecostais.

Sem esquecer é claro, da mais importante das doutrinas: a do dízimo.

Pronto: temos mais uma ‘igreja’, mais um alçapão de almas, mais um curral eleitoral, mais um grupo de cabestro.

Fazem campanhas para arrebanhar mais e mais seguidores, pois mais gente significa mais dinheiro e com mais dinheiro consegue-se recursos para agariar mais seguidores que significa mais dinheiro...

Um grande aliado nessa hora é o diabo e sua trupe. Ficar expulsando os espíritos, dos fiéis, que são incitados (ou pagos?) para entrar em transe, é de muita valia para impressionar.

Colocam programas na TV, e imploram que as pessoas contribuam com a ‘obra de Deus’. Engraçado: eles ‘bolam’ as artimanhas, os estratagemas, as denominam de ‘obra de Deus’ e você é que tem que pagar por isso.

É um bom negócio: o cara entra com a ‘cara, a coragem e o blá-blá-blá’ e você entra com dinheiro!

Essa é a verdadeira teologia da prosperidade – deles!

Com um bom dinheiro em caixa, até dá pra criar uma fundação, uma escola, pra dar uma sacramentada na questão da responsabilidade social, e um pano de fundo de seriedade a tudo.

Quem sabe no futuro pode até comprar uma rede de televisão com o dinheiro dos dízimos e ofertas, e fazê-la concorrer com a maior rede de tv do país, contratando artistas dessa última à peso de ouro, pagos com o mesmo dízimo e ofertas das ovelhas, fazendo um exécito de influência para modificar a opinião pública a seu favor. E Jesus? Que Jesus? Jesus se quiser que fale na madrugada, a madrugada que poderá ser utilizada para superfaturar o horário e despejar legalmente os dízimos e ofertas na TV. Pode-se até inaugurar grandes empreendimentos da industria do entretenimento e convidar quem sabe...o Lula para inauguração! Jesus ninguém iria ver mesmo...

Pode-se ainda criar um partido político, lançar candidatos ao senado (quem sabe aquele meu sobrinho), e fazer um monte de deputados federais, estaduais e vereadores. Isso significa ganhar o mundo inteiro, mesmo perdendo a alma, dele e dos outros.

É triste, mas alguém duvida que isso possa acontecer? Espero não estar profetizando.

Atenção: Isso foi escrito num momento de minha inspiração e meditação, qualquer semelhança com a vida real é pura coincidência.

Moisés Almeida

terça-feira

Eventos evangélicos que dão apoplexia

Texto de: Ricardo Gondim

Menino prodígio pregando, fantasiado de pastor.

(Tenho vontade de esganar os pais, os líderes que deixam esse tipo de excrescência e a multidão imbecilizada que ainda consegue dar glória a Deus).


Marcha para Jesus em São Paulo.

(Sei que esse “carnaval-gospel-fora-de-hora” acontece em outras cidades, mas nenhum consegue ser tão ruim).


Pastor entrevistando demônio.

(Além de considerar desprezível o que um demônio tenha para dizer, acho esse tipo de coisa uma violência contra a dignidade humana).


Evangelista empetecado prometendo prosperidade.

(Tais mercadejadores da esperança povoarão a esfera mais baixa do mundo subterrâneo de Dante).


Profecia em programa de rádio.

(O pastor chuta afirmando que algum motorista está triste e que Deus mandou aquele recado; pateticamente acerta todas).


Conferência missionária que atrela a miséria da Africa à idolatria.

(As veias do meu pescoço incham quando ouço alguém dizer que os Estados Unidos ficaram ricos porque são “uma nação cristã”).


Testemunho de cura divina em cruzada evangelística

(Que tristeza ouvir velhinha contar que foi curada de caroço, dor nas pernas e da coluna! Os que têm o dom de cura devem dar plantão na Ala dos Indigentes do Hospital do Câncer ou em ClInica de Hemodiálise).


Sermão entrecortado com língua estranha

(Será que as platéias não percebem o exibicionismo?).


Político se convertendo em ano eleitoral

(Que mico; nojo se mistura com vergonha!)

(Tem muito mais... Aceito sugestões)

sábado

Repensando a fé


Texto de :Ricardo Gondim
em: www.ricardogondim.com.br
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Certas coisas perderam ímpeto dentro de mim. Certas afirmações se esvaziam antes que alcancem o meu coração. Certas concepções já não fazem sentido quando organizo o meu dia.

Minha fé deixou de ser uma força dirigida a Deu que o induz a agir. Entendo fé como coragem de enfrentar a existência com os valores do Evangelho. Fé significa uma aposta; a verdade vivida e revelada por Jesus de Nazaré tornou-se suficiente para que eu encare as contingências do mundo sem me desumanizar. Fé não movimenta o Divino, mas serve de pedra de apoio onde me impulsiono para a deslumbrante (e perigosa) aventura de viver.

Já não espero que uma relação com Deus me blinde de percalços. Não acredito, e nem quero, que Deus me revista com uma carcaça impenetrável. Acho um despautério prometer, em meio a tanto sofrimento, que uma vida obediente e pura gere segurança contra doenças, acidentes, violência.

Considero leviano afirmar que, quando as mulheres oram, Deus poupa seus filhos de se envolverem com drogas, promiscuidade e outros males. Por que Deus ficaria de mãos atadas ou indiferente diante das opções, muitas vezes atrapalhadas, de rapazes e moças? Quer dizer que, se os pais não vigiarem, Deus permite que os filhos se percam? Como Deus induz alguém a se arrepender; Ele arrasta pela força em resposta ao pedido dos pais? Será se a "salvação" dos filhos não depende tanto de uma intervenção divina, mas do exemplo dos pais?

Tanto no Antigo Testamento como no ministério terreno de Jesus, há relatos de que Deus se recusa a manipular ou coagir para trazer qualquer pessoa para si. Deus é amor e quem ama se torna vulnerável ao abandono. Um exemplo clássico vem do profeta Oséias que encarnou um repudio semelhante ao de Deus.

Quando Israel era menino, eu o amei, e do Egito chamei o meu filho. Mas, quanto mais eu o chamava mais eles se afastavam de mim (11.1).

No evangelho de Lucas, Jesus lamentou sobre a cidade de Jerusalém que, além de repetir o padrão de perseguir os profetas, o rejeitou:

Jerusalém, Jerusalém, você, que mata os profetas e apedreja os que lhe são enviados! Quantas vezes eu quis reunir os seus filhos, como a galinha reúne os seus pintinhos debaixo das suas asas, mas vocês não quiseram! (13.34).

Não acredito que, para os que cumprem ritos religiosos, a existência se transforme em céu de brigadeiro. Não imagino que, ao obedecer corretamente os mandamentos, o mar da vida deixe de ser arriscado.

Orar de olhos fechados, debulhar terços em rezas, pedir ajoelhado, fazer campanhas, interceder ferozmente nas vigílias, clamar aos gritos, nenhuma dessas expressões religiosas significa devoção, se contempla vantagens que outros mortais, que não fizerem o mesmo, não alcançarão. Considero-as puro clientelismo, vãs repetições, murros em ponta de faca, mistura de ilusão com esperança.

Assemelham-se ao esforço da tartaruga que sonha com as altitudes, mas se vê obrigada a respirar o pó da estrada.

Acho indigno um cristão pedir que Deus lhe ajude a passar em concurso público. Aliás, considero um horror ético. Da mesma forma, em economias que produzem excluídos, não é lícito rogar que “o Senhor abra uma porta de emprego”. Não faz sentido conceber que o Todo Poderoso consiga recolocar mais pessoas no mercado de trabalho de países emergentes do que nos bolsões miseráveis do mundo, onde bilhões sobrevivem com menos de 1 dólar por dia.

Já me indispus com grandes segmentos do mundo evangélico, mas não consigo calar. Por todos os lados, ouço clichês como se fossem afirmações piedosas de fé. Infelizmente, tais jargões cumprem o papel ideológico de afastar as pessoas da realidade, empurrando-as para o delírio religioso. Religião, nesse caso, não passa de ópio.

Soli Deo Gloria.