Heresia é a pretensa posse do monopólio da verdade por qualquer grupo, igreja, partido político, escola, cultura.
Heresia é a crença de que é possível legislar com leis eclesiásticas a moral pessoal, obrigações legais, negócios, relações conjugais, guerras, paz e comportamento sexual.
Heresia é o esforço de combater os diferentes com censura, intimidação, patrulhamento, rotulação, discriminação ou tortura.
Heresia é a redução da complexidade da vida a um maniqueísmo simplista, tipo: certo, errado; pecador, santo; ortodoxo, apóstata.
Heresia é a tentativa de preservar a literalidade de um texto enquanto se despreza a sua riqueza espiritual, mítica, alegórica. – “a letra mata, o espírito vivifica”.
Heresia é a sutil mistura de nacionalismo e teologia; a cínica ideologização da doutrina para cumprir a agenda do poder.
Heresia é a intolerância que vê os discordantes como inimigos de Deus; uma antipatia que sutilmente contamina os diálogos e inviabiliza os encontros.
Heresia é a defesa de pressupostos que não objetivam a vida, a humanização da história ou o cuidado com os desprotegidos.
Heresia é o pavor do novo; o medo de pensar fora da caixa; a timidez para assumir as convicções; a resistência de não sair da platéia opinativa e descer até a arena da vida.
Heresia é a veneração pelo texto sagrado a ponto de transformá-lo em um ícone.
Heresia é desprezar que a Palavra é arma agudíssima com um potencial devastador; com um poder incalculável de causar o bem ou o mal – a rapinagem de Isabel, a católica, nas Américas e o preconceito calvinista no aparthaid da África do Sul bastam como exemplos de que o mau uso da Bíblia pode ser arrasador.
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